Estou indignado!
Estar indignado, mais do que um
direito, hoje em dia virou uma moda. Digamos que é uma moda e um hábito diário
de muitos habitantes do planeta. É fácil. Basta estar atento às reportagens, às
notícias, às redes sociais e perceber que a indignação é o negócio do momento.
Se se quer tornar milionário, eu
aconselho a abrir um negócio ligado com a indignação. Terá clientes e
fornecedores de imensas áreas.
Este fenómeno na realidade é uma
nuvem que paira do ar e não descarrega grande coisa em concreto, ou seja, o seu
resultado final é um vazio imenso.
Pior do que isto, é que o
aparecimento constante deste sentimento vai tornando-o banal, ao ponto das
verdadeiras causas que possam gerar indignação serem passadas para segundo
plano.
A indignação, por si só, não
resolve grande coisa. De que valeria uma reunião permanente de grupo de
indivíduos que não toleravam a fome mas que só reuniam ou só se manifestavam
contra a fome? Ao invés, se esses indivíduos se indignassem menos e criassem
estratégias válidas para lutar contra a fome, o resultado seria outro. Felizmente
há organizações, inclusive na minha cidade, que fazem mais e que se indignam
menos.
Há uma falha qualquer no processo
de pensamento sobre a indignação. Há muito alarido sobre um assunto, há uma
concordância global sobre o que se deve fazer mas no final um qualquer interesse
económico aborta a ação. Exemplo: quando eu era criança, lembro-me que foi
encontrada uma vacina contra uma doença que matava aos milhares no continente
africano. O laboratório que fabricaria a vacina não avançou porque as
populações que iriam tomar a vacina não tinham poder económico para a comprar,
sendo que o laboratório poderia ter que doar as vacinas ou vende-las por um
preço muito baixo. Resultado: a vacina não foi produzida e as mortes
continuaram aos milhares.
Percebeu a falha? Ficou tudo na
mesma. A indignação e as mortes continuaram.
Lanço-lhe um desafio: passe à
ação relativamente aos assuntos que lhe incomodam. Mostre indignação e
concretize. No meu próximo artigo, vou falar-lhe sobre uma indignação
permanente que me afeta e da ação concreta que eu levo a cabo relativamente a
esse assunto.
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