Estou indignado!

07:20 Rui Pereira 0 Comments


Estar indignado, mais do que um direito, hoje em dia virou uma moda. Digamos que é uma moda e um hábito diário de muitos habitantes do planeta. É fácil. Basta estar atento às reportagens, às notícias, às redes sociais e perceber que a indignação é o negócio do momento.

Se se quer tornar milionário, eu aconselho a abrir um negócio ligado com a indignação. Terá clientes e fornecedores de imensas áreas.

Este fenómeno na realidade é uma nuvem que paira do ar e não descarrega grande coisa em concreto, ou seja, o seu resultado final é um vazio imenso.

Pior do que isto, é que o aparecimento constante deste sentimento vai tornando-o banal, ao ponto das verdadeiras causas que possam gerar indignação serem passadas para segundo plano.

A indignação, por si só, não resolve grande coisa. De que valeria uma reunião permanente de grupo de indivíduos que não toleravam a fome mas que só reuniam ou só se manifestavam contra a fome? Ao invés, se esses indivíduos se indignassem menos e criassem estratégias válidas para lutar contra a fome, o resultado seria outro. Felizmente há organizações, inclusive na minha cidade, que fazem mais e que se indignam menos.

Há uma falha qualquer no processo de pensamento sobre a indignação. Há muito alarido sobre um assunto, há uma concordância global sobre o que se deve fazer mas no final um qualquer interesse económico aborta a ação. Exemplo: quando eu era criança, lembro-me que foi encontrada uma vacina contra uma doença que matava aos milhares no continente africano. O laboratório que fabricaria a vacina não avançou porque as populações que iriam tomar a vacina não tinham poder económico para a comprar, sendo que o laboratório poderia ter que doar as vacinas ou vende-las por um preço muito baixo. Resultado: a vacina não foi produzida e as mortes continuaram aos milhares.

Percebeu a falha? Ficou tudo na mesma. A indignação e as mortes continuaram.

Lanço-lhe um desafio: passe à ação relativamente aos assuntos que lhe incomodam. Mostre indignação e concretize. No meu próximo artigo, vou falar-lhe sobre uma indignação permanente que me afeta e da ação concreta que eu levo a cabo relativamente a esse assunto.  

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